Uma noite sonhei que estávamos só nós dois. Estávamos numa praia e caminhávamos lado a lado, calmamente, pelo areal.
Para trás ficavam sempre dois pares de pegadas na areia molhada pelas ondas do mar, que traçava a linha do nosso horizonte, as tuas e as minhas, sempre lado a lado, como sempre caminháramos.
Agora, as pegadas que sempre costumavam ficar separadas, e embora lado a lado, e com pouca distância sempre tinham feito caminhos paralelos, começavam a entrelaçar-se, como os dedos das nossas mãos que iam agora dadas.
Lembro-me que nesse sonho, parámos a certa altura de andar, e descalços, deixámos que as ondas frias, daquele mar de Novembro, molhassem os nossos pés. Ficaste de frente para mim. Baixaste o olhar, pegaste na minha mão, e um pouco a medo, talvez também envergonhado, sussurraste ao meu ouvido, as palavras mais lindas e mais deliciosas do mundo.
Disseste, que me amavas. O meu coração bateu mais depressa, e, pude sentir a brisa leve e fresca do mar, afagar-me a face, como uma luva de seda.
Naquele momento não havia Romeu nem Julieta, Pedro ou Inês, que me dissessem que a nossa história era vulgar. Eu sabia que não o era, porque era a nossa história, não havia sido criada por nenhum Shakespeare, não havia sido contada em verso por nenhum Luís de Camões, ela era nossa, simplesmente nossa.
Foi aí, que percebi que não estava a sonhar, tudo aquilo era verdadeiro, e desejei, naquele preciso momento, no calor dos teus braços, nunca mais acordar…
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